Monjas deixam faculdade e namoro em nome da fé
Tribuna Online. Ao sentirem o chamado de Deus, algumas mulheres deixaram tudo para trás: faculdade, emprego, namoro e família para seguirem uma vida religiosa, em clausura, dentro de um mosteiro, no interior de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado.
Essas são as histórias das monjas do Carmelo São José, no distrito de Soturno. Conhecidas como Carmelitas Descalças, algumas delas vieram de bem longe, do Maranhão, Piauí e do Ceará, cerca de 2 mil quilômetros de distância.
Irmãs Carmelitas Descalças em momento de lazer e descontração no jardim do Carmelo São José (Foto: Alessandro de Paula)
A irmã Maria Cecília Teresa da Eucaristia, 66, chegou a se formar em Economia na Universidade Federal do Ceará, em Fortaleza. Foram quatro anos de estudos, mas ao final do curso conheceu o carmelo e mudou completamente o rumo de sua vida.
Ela lembra que foi ao mosteiro das carmelitas a convite de uma amiga. “Fiquei encantada e me senti fortemente atraída pelo modo de vida das freiras. Foi uma reviravolta”, comentou. Deixou namorado e seguiu a vida religiosa.
“A família sente mais essa ausência. A gente também sente, mas nossa vida passa a ser preenchida por outros valores, pela alegria, pelo contato mais vivo com Deus”, destacou.
O chamado foi bem forte na vida da irmã Áurea Teresa do Menino Jesus e da Santa Face, 74. Estudiosa, ela planejava se tornar médica, como era o sonho dos pais. Mas decidiu virar freira, após conhecer as irmãs da Paróquia de São Luiz, no Maranhão.
Apesar de católicos, os pais não aceitavam. Então, ela preparou o enxoval e fugiu de casa para viver no mosteiro das carmelitas, no Maranhão. Embora tenham ficado aborrecidos, inicialmente, os pais acabaram aceitando a sua escolha.
Hoje, aos 35 anos, a irmã Maria José dos Anjos vive em harmonia no mosteiro em Cachoeiro, mas a mudança de vida não foi simples. Após conhecer o Carmelo de Teresina, capital do Piauí, ela se sentiu atraída pela vida religiosa.
Maria José ainda continuou os estudos, concluiu o ensino médio e pensava em cursar faculdade de História. Trabalhava como telefonista em um supermercado e tinha um namorado. Mas tudo ficou para trás.
“Foi uma escolha difícil, pois era a filha mais nova, muito apegada aos meus pais. Mas, após 16 anos no carmelo e 10 de votos perpétuos, me vejo realizada como pessoa nesse novo estilo de vida, na constante presença de Deus”, contou.