Irmãs Carmelitas 
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Elisabete da Trindade será canonizada no dia 16 de outubro de 2016

Deus em mim, e eu n ' Ele ...
   
Elisabete Catez, muito jovem ainda, assim exprimia um apelo à vida de intimidade com Deus, que deveria crescer com ela e marcar profundamente a sua vida espiritual. 
Nascida em 18 de julho de 1880 no campo militar d' Avor próximo de Bouges, Elisabete bem depressa manifesta uma natureza ardente, extremamente sensível, facilmente levada à ira. Ela conseguira vencer-se por amor, e tornar-se-á uma jovem especial pela sua dedicação cheia de alegria e de esquecimento dela própria, simultaneamente irradiando Deus que habita o seu coração. 
Entrou no Carmelo de Dijon no dia 2 de Agosto de 1901, e aí recebeu o nome de Irmã Elizabete da Trindade (Isabel da Trindade). Mais do que nunca, a sua vida enraíza¬-se nessa "Trindade que, desde aqui, é a nossa morada". 

Elisabete confia-nos ao pé do ouvido o segredo para vencer os dramas da solidão humana: sentir-se amado por Deus e habitado pelas Três divinas pessoas da Santíssima Trindade. 

"Vivamos com Deus como com um amigo. Tornemos viva a nossa fé para comunicar-nos com Ele por meio de todas as coisas: é isto que nos torna santos. Trazemos den¬tro de nós o nosso céu porque Aquele que sacia os glorificados na luz da visão se doa a nós na fé e no mistério. É a mesma coisa, parece, ter encontrado meu céu na terra porque o céu é Deus e Deus está em minha alma. No dia em que entendi isso, tudo se tomou luminoso dentro de mim, e gostaria de sussurrar esse segredo aos que amo, para que também eles, mediante todas as coisas, sejam cada vez mais de Deus, e neles se realize a oração de Cristo: 'Pai que sejam um'."

Uma fé ardente e sempre desperta fazia-a unir-se sem cessar aos "seus Três”. "Que a minha vida seja uma oração contínua; que nada me possa distrair de Ti!" 
Plenamente atendida, fiel à sua graça, toda entregue ao Amor, ela consumiu-se rapidamente. 
No meio de grandes sofrimentos, escreveu à sua irmã casada: Crê sempre no Amor. Se tens sofrimento, pensa que então és ainda mais amada. Alguns dias depois, a 09 de Novembro de 1906, a pequena Louvor de Glória partia "para a luz, para o Amor, para a Vida". 

Em 25 de Novembro de 1984, o Papa João Paulo II, declarou-a Bem-Aventurada (Beata), em S. Pedro de Roma. E no dia 16 de outubro de 2016 é canonizada pelo Papa Francisco.
"Parece-me que no Céu, a minha missão será a de atrair as almas ajudando-as a sair de si próprias, para aderirem a Deus por um movimento todo simples e  amoroso , e para as guardar nesse grande silêncio interior que permite a Deus imprimir se nelas e transformá-las n'Ele", 

Na véspera de sua morte, Ir. Elisabete da Trindade escreveu: 
"Acreditar que um Ser que se chama Amor habite em nós a qualquer momento do dia e da noite e que nos pede que vivamos em sociedade com Ele: eis o que transformou minha vida num céu antecipado". 

Elevação à Santíssima Trindade 

Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente de mim mesma para fixar-me em vós, imóvel e pacífica, como se minha alma já estivesse na eternidade. Que nada possa perturbar-me a paz nem me fazer sair de vós, ó meu Imutável, mas que em cada minuto eu me adentre mais na profundidade de vosso Mistério. Pacificai minha alma, fazei dela vosso céu, vossa morada preferida e o lugar de vosso repouso. Que eu jamais vos deixe só, mas que aí esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, entregue inteiramente à vossa ação criadora. 
Ó meu Cristo amado, crucificado por amor; quisera ser uma esposa para vosso Coração, quisera cobrir-vos de glória, amar-vos ... até morrer de amor! Sinto, porém, minha impotência e peço-vos revestir-me de vós, identificar minha alma com todos os movimentos da vossa, submergir-me, invadir-me, substituir-vos a mim, para que minha vida seja uma verdadeira irradiação da vossa. Vinde a mim como Adorador, como Reparador, como Salvador. Ó Verbo eterno, Palavra de meu Deus, quero passar minha vida a escu¬tar-vos, quero ser de uma docilidade absoluta para tudo aprender de vós. Depois, em todas as noites, em todos os vazios, em todas as impotências, quero ter sempre os olhos fixos em vós e ficar sob vossa grande luz; ó meu Astro amado, fascinai-me a fim de que não me seja mais possível sair de vossa irradiação. 
Ó Fogo devorador, Espírito de amor, "vinde a mim" para que se opere em minha alma como que uma encarnação do Verbo: que eu seja para ele uma humanidade de acréscimo na qual ele renove todo o seu Mistério. E vós, ó Pai, inclinai-vos sobre vossa pobre e pequena criatura, cobri-a com vossa sombra vendo nela só o Bem-Amado, no qual pusestes todas as vossas complacências. 
Ó meus Três, meu Tudo, minha Beatitude, Solidão infinita, Imensidade onde me perco, entrego-me a vós qual uma presa. Sepultai-vos em mim para que eu me sepulte em vós, até que vá contemplar em vossa luz o abismo de vossas grandezas.